Diario de Lisboa [1] – O mistério Portugal

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Lisboa, 2014 —

O que sabemos de Portugal? Alguém nos contou um dia da chegada de umas caravelas, de capitanias hereditárias, da colônia, de um império, da independência. Soubemos da Princesa Isabel, de Dom João, do cavalo de Dom Pedro. Somos, é claro, principalmente herança do achado de 1500, mas nunca nos interessamos por nossos colonizadores.
Hoje nossas referências são poucas e esquizofrênicas: a vovó lembra do pastel de Belém; o netinho de Cristiano Ronaldo. O papai politizado é capaz de lembrar de Salazar, o ditador, mas não faz idéia de quem goberna o país; a filhinha suspira pelo ator global com sotaque engraçado. Todos dançam ao som de Roberto Leal no Programa do Gugu.
Em Lisboa é diferente. Você aterrissa e é recebido por um anúncio do Banco do Brasil, “há 40 anos com os portugueses”. Se quiser, carrega uma sacola pingando óleo da Casa do Pão de Queijo e já deixa o terminal com um óculos horroroso da Chilli Beans. Tudo pago em Real.
Quando apresentar o passaporte brasileiro no Hostal, ouvirá um interrogarório. A atendente não quer saber de onde você veio nem pra onde vai, e sim o destino de Carminha. Ela e os 11 milhões de patrícios tentam entender como podem gostar de uma vilã. É simplesmente impressionante a influência da TV Globo.
Nas ruas, cartazes anunciam shows de Gabriel, O Pensador (sic), de Lenine, de Marisa Monte. Eles também já enjoaram de Michel Teló. O taxista, curioso, quer saber se Dilma é tão boa quanto Lula.
A influência cultural brasileira é tão grande que eles nos entendem sem nenhum esforço. Já eu custei bastante a entender, na bicha, porque era tão chamado de giro. Obrigado.

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